quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Educação

“A Educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces.” 

 Aristóteles, filósofo grego (384 a. C. – 322 a. C) 

 Na complexidade do campo dos saberes, o Técnico Superior de Educação deve analisar permanentemente o seu trabalho, vendo se há congruência ou unidade interna entre as suas práticas e os objectivos ou finalidades que se propõe. Por isso, a necessidade contínua de repensar os percursos já feitos, sabendo que essa busca pode aproximar a finalidade buscada e aproximá-la do objectivo a conseguir. Ter consciência do contexto em que se insere toda a sua actividade e as aprendizagens adquiridas ajudam-no a interpretar e a compreender melhor o seu campo de acção, democraticamente, isto é, em horizontalidade, tendo consciência de que não é senhor absoluto do saber. Todo o caminho de relacionar as práticas com as finalidades a atingir, supõe uma problematização permanente e, ao mesmo tempo, uma explicitação das tarefas a realizar, das concepções e representações que as suportam, tornando as práticas reflexivas e não robotizadas ou mecanizadas. 
Como conclusão do que atrás já foi afirmado, as práticas devem estar em contínuo movimento,
tornando-se, para além de reflexivas, práticas investigativas, isto é, com aberturas para novos caminhos, integrando o erro na aprendizagem, descobrindo novas práticas para as mesmas ou para outras finalidades. Assim, a prática se transforma em praxis e a missão do Técnico Superior de Educação aprofunda-se e enriquece, propondo, continuamente, modelos de inteligibilidade fundamentados em praxis inovadoras e construtivas.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Competências, empregabilidade e sociedade/economia do conhecimento

Competências, empregabilidade e sociedade/economia do conhecimento

Nesta sociedade marcada pela mudança, a educação e a formação exercem um papel estratégico e podem considerar-se os alicerces de uma sociedade do conhecimento, embora, só por si, não resolvam o problema do desemprego ou da competitividade das indústrias e serviços. Veja-se o caso português, por exemplo, em que os licenciados ocupam uma parte importante do grande número de desempregados. Mas os problemas criados por estas mutações aceleradas podem ser resolvidos pela acção conjunta dos agentes económicos e das instâncias europeias, nunca esquecendo que a acção dos sistemas educacionais e a iniciativa dos próprios indivíduos são fundamentais nesta resolução. A sociedade cognitiva ou sociedade da aprendizagem exige uma educação e uma formação permanentes, tornando-se as próprias organizações produtivas e de serviços lugares de qualificação e promotores de aprendizagens. 
A diferença, proposta por Castells, entre “trabalho genérico” e “trabalho autoprogramável” pode servir-nos para compreender melhor o nível de competências que se exigem ao trabalhador. Enquanto o trabalho autoprogramável supõe níveis elevados de educação e de formação e é, por isso altamente produtivo, até na medida em que permite adquirir novas qualificações, o trabalho genérico é mais vulnerável e até prescindível, na medida em que é estático ou incapaz de dar saltos para novas qualificações, devido, sobretudo, à falta de educação e formação. A desaparição gradual do Estado – Providência conduz, cada vez mais, à precariedade, a uma empregabilidade frágil, à perda do vínculo social, quer no trabalho, quer no consumo. É assim que surge a chamada “segunda geração de direitos”, em que os desempregados são obrigados a seguirem programas de formação ou a aceitarem os empregos propostos, muitas vezes bem longe dos seus locais de habitação. 
A educação, no sentido de alavanca para novas qualificações, relaciona-se com a empregabilidade ou a capacidade para gerar empregos ou diminuir a exclusão social, aumentando a produtividade, “se houver oportunidade de emprego para trabalhadores mais produtivos”. E a educação e formação, nunca é de mais dizê-lo, são as principais promotoras de mais empregabilidade.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Avaliação - Ética e Competência

Ética e Competência

 Podemos falar de ética ou de “dimensão moral” da avaliação, por estranho que pareça. Considerando que tanto a palavra “ética” (do grego “ethos”, costume), como a palavra “moral” (do latim “mores”, costume) têm significado igual ou, pelo menos, semelhante, a filosofia distingue-as, de certo modo, atribuindo à palavra ética um significado mais racional e à moral um sentido mais aproximado com o que lhe é dado pelas religiões. 
A avaliação supõe uma intersubjectividade ou uma interrogação sobre o sentido dos produtos avaliados, o que pressupõe uma ética, uma responsabilização colectiva, na medida em que não estamos perante meros produtos ou resultados. Lidamos com sujeitos ou, mais profundamente, com cidadãos e, por isso, a necessidade de uma dimensão ética em todo o processo. Se a avaliação também é incompreensível sem comunicação e sem negociação, a dimensão ética impõe-se no processo. Caso contrário, estaríamos perante uma empresa sem sujeitos, lidando apenas com meros produtos ou resultados. 
Ao mesmo tempo, torna-se necessário articular todos os procedimentos, definindo bem os objectivos a atingir, sabendo bem o que se avalia, para quê e para quem. Aqui se pode enquadrar o conceito de competência, “relevante para uma prática com sucesso”, e definida como a capacidade de construir ou dominar conhecimentos ou técnicas. Sabendo que em todos os processos de avaliação é necessário emitir opiniões ou tomar decisões, podemos inferir daqui a necessidade evidente de dominar competências, “apelando a noções, conhecimentos, informações, procedimentos, métodos, técnicas”. 
Por outro lado, o conceito de competência não se restringe a uma simples posse de conhecimentos ou capacidades mas, também, segundo a opinião de Le Boterf, a “saber-mobilizar”, isto é, compreender que qualquer conhecimento ou capacidade só se realiza na acção e não existe abstractamente.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Projeto 2020 Trans…formação têxtil

Projeto 2020 Trans…formação têxtil
O projeto não é uma simples representação do futuro, mas um futuro para fazer, um futuro a construir, uma ideia a transformar em ato.
Jean Marie Barbier (1993)
Vivemos hoje numa era de mudanças, incertezas e perplexidade. A complexidade do humano obriga-nos a uma constante necessidade de inovação e renovação, a busca de flexibilidade e agilidade para proporcionar mudança e transformação.
Com o ambiente turbulento e instável – como está acontecendo hoje no mundo – maior é a necessidade de opções diferentes para a solução dos problemas e situações que se alteram e se diferenciam de maneira crescentemente diversa.
A função deste projeto é em primeiro lugar conhecer o ambiente que envolve internamente a organização. Em segundo lugar conhecer o ambiente geral, ou seja o ambiente genérico e comum a todas as organizações. Tudo o que acontece no ambiente geral afeta direta ou indiretamente todas as organizações. Em terceiro lugar conhecer o ambiente de tarefa que é o mais próximo e imediato de cada organização. Passa por conhecer o ambiente de operações da organização, isto é, conhecer os fornecedores, clientes, concorrentes, entidades reguladoras.
A formação de hoje tem de assentar em bases de eficácia para o futuro. Que desafios nos esperam? Que novos saberes estão emergindo? Que novas necessidades surgirão e a que velocidade?
A quantidade de perguntas poderia continuar sem cessar, porque, de facto trabalhamos no trapézio, com uma ténue rede por baixo para nos aparar as quedas. E o futuro está aí, cada vez mais rápido, sem nos dar tempo de o prever e de o preparar convenientemente. A globalização parece imparável e as novas tecnologias, em processo permanente de mutação e de renovação, não nos dão tempo para preparar quadros capazes para as acompanhar.
Que fazer então? Que formação transmitir hoje? Que competências devem ser adquiridas?
A formação visa, tornar as pessoas produtivas, garantindo simultaneamente o seu desenvolvimento contínuo através das ações de supervisão e formação.
Para lidar com pessoas, é preciso entender o comportamento humano conhecendo os vários sistemas e práticas disponíveis que facilitem a construção de uma força de trabalho qualificada e motivada. Desta forma, as pessoas desempenham um papel central na obtenção da vantagem competitiva da empresa, principalmente nos setores baseados no conhecimento, onde o sucesso depende cada vez mais da “competências das pessoas”, ou seja, onde conhecimento, qualificações e habilidades estejam incorporados nos funcionários da empresa, cuja gestão estratégica se torna crucial.
É na empresa que os trabalhadores transformam as experiências em aprendizagens. Falamos de um processo de autoformação e da necessidade dos trabalhadores interiorizarem reflexos de aprendizagem permanente nas mais diversas situações profissionais. É nesta “organização autoformativa” que surgem os “modos de formação abertos, integrados no trabalho, fundados no sistema sócio-técnico de produção, participativos, favorecendo uma autoformação ativa”. Conclui-se que as empresas não são apenas lugares de produção de bens, serviços ou produtos, mas também lugares onde se aprende permanentemente, onde se organizam e produzem saberes.
Em síntese podemos dizer: fazer do trabalho um objeto de reflexão e pesquisa dos próprios trabalhadores.
Pensamos que, no âmbito deste projeto, as áreas de planeamento e qualidade, devem ser, onde o foco de formação deve incidir, pois são, pilares fundamentais para melhoria da imagem do grupo.
Planeamento
A função do planeamento é reduzir a incerteza quanto ao futuro e quanto ao ambiente. O desafio à incerteza é a criatividade e inovação.
Na indústria têxtil o planeamento é um dos vetores mais críticos, pois, as dificuldades de não conhecimento de processos e tempos de fabrico dificultam a produção. Por isso, são alvos de críticas quase sempre corretas por parte dos setores produtivos.
Qualidade
O objetivo é fazer com que cada pessoa seja responsável pelo seu próprio desempenho e que todos se comprometam a atingir a qualidade de maneira altamente motivada. Aqui, para melhoria da qualidade pode ter que se fazer uma profunda mudança na cultura da organização.
A melhoria contínua da qualidade é aplicável ao nível operacional, a qualidade total estende o conceito de qualidade para toda a organização, abrangendo todos os níveis organizacionais. A melhoria contínua e a qualidade total são abordagens incrementais para obter excelência em qualidade dos produtos e processos.
A Complexidade da Avaliação
Se todas as práticas sociais só são compreensíveis num determinado campo de valores, é evidente que a subjectividade é sempre um dado a ter em conta, na medida em que há, continuamente, vários valores em presença, de acordo com as diversas visões do mundo dos indivíduos que constituem um determinado grupo social. Estes valores induzem determinados comportamentos e a sociedade avalia-os permanentemente, aceitando-os, permitindo-os ou repelindo-os, segundo um sistema predominante, em instabilidade ou mudança contínuas. A avaliação, neste sentido, não só opera com valores mas funda-os, modelando sistemas, instituições e currículos.
Quem sou eu?
                                                           “Não nascemos homens, tornamo-nos homens”.
                                                                                                                      Erasmo
Carl Rogers no livro Tornar-se Pessoa insiste muito na necessidade de sermos nós mesmos, de sermos autênticos, empáticos, congruentes, de reconhecer o que existe de real em nós. Insistirá na necessidade de sentir as coisas, de ter confiança na sua experiência, de se escutar de se exprimir aquilo que se sente verdadeiramente, de se aceitar tal como se é, de se confiar nas próprias avaliações. É também necessário aceitar o outro tal como ele é: com as suas qualidades e defeitos. A sabedoria reside, em ultima instância, muito mais nos sentimentos internos de cada um do que na cobertura intelectual. A experiência é a autoridade máxima.
Rogers escreverá uma frase no seu livro Tornar-se Pessoa que me parece resumir toda a sua filosofia de intervenção: “É de facto paradoxal constatar que na medida em que cada um de nós aceitar aquilo que é, descobriremos que não apenas nós próprios mudamos, mas que outras pessoas com as quais nos relacionamos, também mudam.”